Pesquisar este blog

terça-feira, 28 de setembro de 2010

SACO DE FARINHA


SACO DE FARINHA
Aparecido Donizetti Hernandez

Camisa branca feita de saco de farinha alvejado...quarado,
Embornal do mesmo pano a tira-colo,
Lá se vai o menino a caminho da escolinha da vila
Caminhando na estrada de areião com seus sonhos...
Sonhos de não precisar ir a escola com tal traje,
Que para ele era ultraje.

Lá vai o menino na estrada de areião,
Perseguindo em sua mente sem saber de seu destino,
Tracejando a estrada na espera de nada.

Lá vai o menino com seus sonhos de ter e querer
Seus planos de preferir andar à cavalo,
Caçar passarinho no ninho...
Do que ir à escola com sua camisa branca de saco de farinha,
Preferia o embornal cheio de pelotas de macaúva
Em vez do "Caminho Suave".

Lá vai o menino de dedos abertos
Repletos de bicho de pé na estrada de areião,
Com sulcos profundos feitos da roda do carro de boi...
Que ele preferia ouvir o ranjer,
Do que os ensinamentos escolares,
Lá vai o menino, com seus sonhos...




terça-feira, 21 de setembro de 2010

INGRATIDÃO

INGRATIDÃO
Aparecido Donizetti Hernandez


Não convivas com a ingratidão,
Se fizeres sempre algo
Para ajudar a outrem
Não espere o reconhecimento de seus atos,
Sejas altruísta, isso a ti sempre contará...

Não esperes a gratidão
Como reconhecimento de tais atos,
Espere, somente, que a ti
Seus atos o deixará em Paz.

Se a ingratidão for a única resposta a seus atos,
Entenda que há os sugadores da benevolência alheia,
Que somente aos ingratos faz mal
Não lhes dando a Paz que tu encontras
Em seus atos de benevolência e amor.
Tu que pregas a Paz,
Pratique-a em todos os seus grandes e pequenos atos.

domingo, 19 de setembro de 2010

A "ARCAH" DO TEMPO

A “ARCAH” DO TEMPO
Aparecido Donizetti Hernandez
- Conto -

Conheci Hanna nas viagens pela "nau" da internet. E quantas coincidências: tínhamos os mesmos sentimentos; cruzamos, sem saber, as mesmas esperanças de viajarmos no tempo.
Na verdade, imaginávamos mesmo antes de nos conhecermos, termos estado em outros lugares, em outros momentos, onde corríamos juntos aos campos de girassóis da antiga Rússia dos Czares.
Imaginávamos antes mesmo de nos conhecermos ter caminhado na gélida retirada das tropas de Napoleão.
Tínhamos combatido a invasão dos Cristãos contra os Mouros, dançado sob o som de violinos nos acampamentos ciganos, divertido-nos em nossa tenda.
Viajamos juntos às profundezas, onde nos conhecemos ainda na formação da Terra, vindo de outra Galáxia nas curvas do tempo.
Caminhamos na tênue linha que separa a loucura da razão, enfrentamos juntos a incompreensão de estarmos em outro tempo... e estivemos juntos na fogueira da Inquisição.
Nessas viagens cavalgamos junto com Zeus em unicórnios alados, mas nunca estivemos nas festas de Baco.
Mas, nem em todas as viagens estava eu e Hanna, ela sempre foi mais propensa à viagens furtivas para conhecer outros tempos: esteve ao Templo do Rei Salomão, caminhou ao leito do Mar Vermelho, deu conselho à Moisés e sentiu o calor da ira de Deus.
Onde estava eu enquanto Hanna viajava pelo tempo?
Quando Hanna viajava sem mim, ficava preso numa gaiola dourada, como uma harpia encantada.
Essas viagens que, ainda, "arcah" em meus pensamentos, transmutando os sentimentos de continuarmos juntos às viagens no tempo. Estando juntos quase todo tempo, Transportamos as primeiras pedras à construção de Machu Picchu; vimos as virgens serem jogadas ao sacrifício.
Estávamos eu e Hanna às celebrações Incas; tomamos chocolate em taça de ouro; reverenciamos o deus Sol e cultivamos no Oriente.
Vimos Genghis Khan ser coroado imperador, participamos de seu glorioso Império e vimos sua decadência.
Viajando na relatividade do tempo, estávamos a ver as nebulosas na Via Láctea a se formarem; estivemos em Alpha Centauro e nunca nos perdemos no espaço.
Vimos juntos os anéis de Saturno se formar e planetas desaparecerem, engolidos pelos buracos negros.
Encontramos outros seres em estado evolutivo, mais adiantados que os Homens que controlam o tempo... Tempo que num só momento transporta todos os nossos sentimentos transmutando nosso corpo pelo universo. - Tempo que nunca mais me deixas trancado numa gaiola enquanto tu viajas só pelo tempo - onde eu e Hanna num só pensamento nos transportamos às viagens que somente o pensamento pode controlar o tempo, que na sua relatividade construímos nosso conhecimento da força desse momento, que cruzamos os nossos momentos nessa linha da viagem que faremos amanhã na construção do nosso tempo.

RELVA

RELVA
Aparecido Donizetti Hernandez

Relva molhada de sereno...
Ao raiar do dia caminho pela estrada de areião,
Conduzindo meu carro de boi
Com suas rodas rangendo, como que anunciando minha chegada...

Relva molhada... molhada como meu rosto
Em lágrimas que correm
Ao lembrar de minhas andanças conduzindo a boiada
Pelas terras vermelhas que levantavam poeira encobrindo a boiada.

Relva molhada... como meu rosto que queima
Na doce lembraça das festas nas pousadas,
Em ver nas vilas as moças nas janelas
Espiando nossa chegada, sofrendo em nossa partida...
Em suspirar, que faziam o mugir dos bois
Serem encobertos em nossa passada...
Na chegada e na partida.

Relva molhada de sereno...
Que faz lembrar as lágrimas de quem parte e de quem fica,
Nas lembranças que doem, mas purifica essa alma de caboclo
Que hoje somente nas histórias e nas lendas se dignifica.

INSEGURANÇA

INSEGURANÇA
Aparecido Donizetti Hernandez

A saudade me sufoca,
Que amor é esse que não consigo conter?...
Conter a angústia de não poder tocar-te,
Imaginar que podes não estar sentindo a falta que sinto,
De ter seus cabelos entre meus dedos...
Que amor é esse que o destino faz nossos corpos
Manterem equidistância e, ao mesmo tempo, nossas almas juntas?...
Que nos impedem de colarmos um ao outro,
Que me dá a sensação de que não me queres como te quero...
Será que me queres como te quero?
Mantém-me sempre na insegurança...
Será que o amor é ter a insegurança
Ou será que manter a insegurança é que assegura o amor?...
Esse amor distante quer nos juntar a todo instante
Na eterna falta que sinto de ti a todo instante
Na minha perene insegurança...

ORVALHO

ORVALHO
Aparecido Donizetti Hernandez

Nessa noite fria que te espero
Vem a esperança de te ver como antes,
Como antes de perderes a ingenuidade...
Nessa noite fria cai o orvalho
Esbranquiçando os campos,
Campos que quando raiar o Sol
Refletirá a luz em suas gotículas,
E verei em cada uma seu rosto a refletir a saudade,
A saudade dos tempos que corríamos
À procura de uma vida sem dissabores...
Onde reencontrarei aquela antiga ingenuidade que tínhamos,
Como se os campos eram o nosso mundo,
Mundo que deixamos o Sol queimar, como queima as folhas
Molhadas do orvalho que o sereno deixou...

NO PRINCÍPIO

NO PRINCÍPIO
Aparecido Donizetti Hernandez

No princípio eram somente Adão e Eva...
Saíram do Paraíso – deixando-o para trás...
Vieram à benção Abel e Caim.
Mesmo com o castigo de não permanecerem mais ao Paraíso
Eva foi recompensada com filhos.
“Mãe é padecer no Paraíso”;
Mãe é estar feliz na saudade;
Mãe é estar junto compreendendo o incompreensível;
É tolerar o intolerável;
Chorar na chegada, sofrer na partida...
É pressentir o futuro no presente;
Encontrar razões no irrazoável;
Com amor imensurável.

sábado, 11 de setembro de 2010

DESTERRO

DESTERRO
Aparecido Donizetti Hernandez

Nuvem de desespero nesse desterro
Onde não molho meus pés
Nas águas do mar de minha terra.

Não vejo mais as serras...
Desterro que tirastes de mim
A beleza de ver meus amores
Ensejados na lavra do ouro
Que corre junto co'a areia
Na corrente das águas...

Desterro que não permite mais
Ver as casas de Vila Rica,
Minha Igreja
E a beira dos córregos repleta de gente
Em busca de riquezas...
Em esperança de deixar essa terra
Que hoje sem ver as serras, sei que jamais a deixaria!

Desterro que hoje somente savanas vejo
Com sua fauna que nada lembra minhas matas
E onde não há capivara e lobo-guará.

Morrerei sem revê-la,
Mas um dia meu corpo voltará a tocá-la,
Mesmo que seja sem vida
- Lá não serei esquecido, por lá ter nascido! -

Hoje meu corpo vaga pelas savanas,
Meus pensamentos vagam pelas serras da minha terra,
Donde os rios em seu leito
Carregam o ouro amarelo como o sol que queima essa terra.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

NÉCTAR DE AMOR

NÉCTAR DE AMOR
Aparecido Donizetti Hernandez

Transformações que a vida nos impõe:
Transformações de corpo e alma.
Quero beber do néctar de seu corpo como os beija-flores
Que mesmo bebendo de outras flores,
Sempre voltam à mesma flor que sacia sua sede de néctar,
Néctar que lhe dá energia
Para manter seu coração num turbilhão de batidas,
Seu coração impulsivo...

Bebendo em outras flores
Não é a mesma energia que transforma meu coração,
Meu corpo e minha alma
Necessitam sempre ver seu corpo transpirando o puro néctar
De energia da imaginação e das inspirações
Que me conduzem a sonhos...
Indescritíveis sonhos nesse ir e vir à sua procura.

Necessidade constante de te ter um instante,
Instante que sacia a sede de energia
Que o néctar de seu corpo leva-me a sonhos reais e inimagináveis
Que somente o ardor e o cheiro dessa flor possui em todo o universo,
Transformando meu corpo e minha alma em refém desse amor...

BUSCA DA FELICIDADE

BUSCA DA FELICIDADE
Aparecido Donizetti Hernandez

Buscamos a felicidade...
Qual felicidade?
A felicidade que está relacionada ao que os outros vêem,
Ou a felicidade de encontrarmos a paz interior?!
Onde o que importa é o que interiormente sentimos e os outros não vêem...

Qual o sentido da felicidade?...
São os amores, as dores, as algemas que criamos em nós mesmos
Atribuindo a outrem nossas decepções e angústias...
O que é a felicidade?!
É estarmos em paz
Ou os outros acharem que estamos em paz?...

A felicidade é a busca constante do aperfeiçoamento dos amores,
A realização da sua própria divindade
É conseguir não sucumbir às pequenas e grandes tentações...
Tentações de encontrar a felicidade na infelicidade de vossos irmãos.
Não podes esquecer que Deus fez de seu filho Homem,
Que tentações teve, e usando de seu livre arbítrio, conseguiu não sucumbí-las.

A felicidade está dentro de ti,
Onde vossa realização somente é possível dentro da realização maior,
É a realização de sua paz, da minha paz, de nossa paz,
Que se encontra dentro de ti, dentro de mim, dentro de nós...
Estamos em paz!

ABANDONO

ABANDONO
Aparecido Donizetti Hernandez

Recebestes dons - cada qual tem o seu -
Mas o seu dom foi especial,
Fostes preparadas para defender
Os mais frágeis...
Frágeis de espírito, frágeis materialmente.

Fostes te dado privilégios
Para lhes defenderes,
Mas conseguistes esquecê-los.
Esquecestes todos os dias...
Mas também os esquecestes em seu dia.
Preferistes os privilégios,
Os privilégios das volúpias,
E não os privilégios do amor.

TURBILHÃO

TURBILHÃO
Aparecido Donizetti Hernandez

Deus criou as estrelas,
Fez as constelações, iluminando o escuro céu,
Criou as galáxias...
E numa delas nos colocou num pequenino planeta azul,
Iluminado por uma estrela chamada Sol,
Criou também um satélite que demos o nome de Lua.
Criou os Homens para se amarem
Nas distâncias físicas dos grandes "minúsculos" continentes
E nas distâncias internas da finita compreensão humana...

Céu estrelado e Lua que iluminam as noites
E encantam os enamorados,
Desperta paixões que cruzam a minha incompreensão das razões
Que deixas minha mente escura,
Meu coração angustiado e aflito
Quando o brilho de seus olhos não vem iluminar minha vida,
Como a lua nas noites escuras,
E seus beijos não mais me aquecem como o Sol aquece a Terra,

Que falta me faz o turbilhão que sua presença provoca,
Como a Lua, quando sacode o mar, cria as marés em revolto,
Mar de águas verdes e cristalinas,
Que atingindo os rochedos, criam brumas,
Como sua presença que me inquieta e sacode
Num turbilhão interno incompreensível e inexplicável
Da natureza de meu ser e do meu querer.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

NOVAS GERAÇÕES

NOVAS GERAÇÕES
Aparecido Donizetti Hernandez

As novas gerações têm que ser lembradas
Da parte desumana da luta política de nossa História;
E outras gerações que fizeram de conta que não viram ou não souberam,
Também devem ser lembradas...
Nossa jovem democracia foi conquistada com sangue
E às custas de tortura de muitos seres humanos...
E não podemos abrir mão da sua consolidação.


7 de setembro - Dia da Proclamação da Independência do Brasil

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

FASES DA LUA

FASES DA LUA
Aparecido Donizetti Hernandez


Nossa vida, às vezes, parece as fases da lua,
estamos minguantes quando estamos cabisbaixos,
sem perspectivas, muitas vezes até sem esperanças;
aí antes de sumir, começamos a ser como a lua crescente...
sempre aparece um fio de esperança...
a esperança que permanece em nossa alma, em nosso espírito.

Começamos parecer lua nova - grande, linda, resoluta,
ainda sem muito brilho, mas linda,
exuberante no céu da vida, quase onipotente.

Quando somos a lua cheia?
Somente somos a lua cheia na hora
que o brilho intenso de nossas realizações
estão intimamente ligadas
ao brilho intenso das estrelas no céu
que refletem a luz própria dos que estão ao nosso lado,
juntos transformando o brilho da lua cheia dada pelo Sol;
e emprestando sua beleza
à realização coletiva e à preservação da Terra.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

TÂNIA SUELI

TÂNIA SUELI
Aparecido Donizetti Hernandez

Tantas vezes tentei encontrar o
Amor, procurei... procurei...
Nunca encontrei!
Instintivamente onde encontrar o
Amor!?

Sublime pode ser o amor, mas onde
Urgentemente encontrar um amor que me
Eleve aos céus, que me
Liberte e me
Inspire.

TEMPESTADE DE AMOR

TEMPESTADE DE AMOR
Aparecido Donizetti Herrnandez

Venta em minha vida a esperança,
A esperança de a vida ser melhor,
Um mundo onde os encontros não virem desencontros...
A Vida seja onde o ser humano
Acabe sendo um o complemento do outro,
Um mundo onde todos tenhamos
O pouco que seja o muito, pois é o suficiente.

Venta em minha vida a necessidade de acreditar,
Que o amanha seja hoje,
Que possamos ter todos
Uma tempestade de amor, carinho e solidariedade.
Esse mundo construiremos hoje, na esperança do sempre...

NOSSA RETINA

NOSSA RETINA
Aparecido Donizetti Hernandez

Pelo que passamos juntos,
Não há o controle do tempo,
As nuvens que encobrem o sol
Não encobrem sua luz,
Não turvam o esplendor de seus raios
E o calor que irradia.

O tempo que temos juntos
Não é controlado pelos ponteiros do relógio,
Que delimita e tenta ser o controle do tempo.
O tempo que estamos juntos é o que nossas retinas
Guardam e guardarão por todos os tempos...

Juntos somos como os raios do Sol,
Sua esplendorosa luminosidade,
Não como as nuvens que tentam
Sem poder ofuscar esse brilho,
Brilho que o relógio do tempo
Transporta pela eternidade
E viverá por todos os tempos...