Pesquisar este blog

domingo, 8 de agosto de 2010

MEU VELHO

MEU VELHO
Aparecido Donizetti Hernandez

Nascestes em Jahú,
Filho de migrantes espanhóis,
Muitos irmãos e irmãs,
Todos lavradores da terra.

Por que?
Por que deixastes os lindos cafezais no Oeste Paulista?
Abandonando sua enxada,
Seu rastelo,
Sua peneira sob a saia do pé de café...
Rumo a Capital?

Para transformar-se em operário?
Para se encontrar?
Por que deixastes os lindos cafezais paulista?
Deixastes a roça...
Mas não deixastes para trás
A linda e meiga Rosalina,
Arrastastes contigo,
Para uma nova vida
Ou para uma ilusão.

Viestes, mas trouxestes junto
Os conceitos pré-estabelecidos
De patriarca,
Quantas fábricas trabalhastes,
Quantas fábricas!

E a meiga e doce Rosalina,
Quantas trouxas, quantos fardos de roupas
Trouxe sobre a cabeça!
Quantas noites e madrugadas
Sentada à beira da máquina de costura,
Quantos dias...

Transformaram-se de lavradores em operários
Valeu à pena?
Valeu à pena!
Construístes uma família,
Vivendo foi rompendo
Os preconceitos e criando outros conceitos.
Deixou as fábricas antes que querias,
Como trabalhou, como trabalhou!
Viveu como pode,
Fostes como querias...

À beira da lagoa, com sua vara de pescar às mãos...
Agora pesca almas, almas para o Senhor!


08 de agosto de 2010 - Dia dos Pais
- Editado Revista Zap -

Nenhum comentário:

Postar um comentário